Inquéritos - 2005/2010

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Erasmus Inquiry
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T. G. - Brasil 2010

Olá professor, tudo bem? Estive na FAUP no ano de 2010, foi uma experiência maravilhosa. Infelizmente tive que interromper esse sonho por uma doença grave de meu pai. Minha maior dificuldade sempre foi o desenho à mão livre, já que no Brasil usamos muito softwares e deixamos a desejar nesse quesito. Pra mim foi um desafio, mas hoje tenho a convicção de que sem a habilidade do desenho à mão livre, a concepção do projecto não é plena. 
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Mensagem de C. K. - Brasil 2009

Zémanel


Tudo bom? Sou brasileira e fiz intercâmbio na FAUP entre 2000 e 2001, quando fui sua aluna na disciplina de Desenho I.


Quero voltar a estudar desenho e gostaria de saber se você conhece algum professor em São Paulo que dê aula seguindo algo parecido à linha da FAUP.


Muito obrigada!

C. K.


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Tudo bem! Lembrou-se de mim, que bom!


Que pena que não há nada assim por aqui... foi a melhor aula de desenho que já tive na minha vida!


Mas obrigada, de qualquer forma. É possível que eu volte a importuná-lo com perguntas sobre desenho :) e, enquanto isso, procurarei aprender da maneira como você falou - e também olhando os trabalhos da aula que tenho guardados (infelizmente ficaram por aí a segunda pasta e o caderno de viagens, nunca mais os vi) e olhando os sites e blogs que descobri nesta pesquisa de agora, quando te encontrei.


Avisa-me se vier a saber de algum professor que resolveu trazer essa aula para os trópicos?


Um beijo,

C. K.

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C. G. - Itália 2009/2010

Why did you choose FAUP?

Porque vindo de uma faculdade de engenharia gostava fazer uma experiência no mundo da arquitectura e a FAUP por isso é uma das melhores faculdades. Também gostava de aprender português e estar perto do mar :)

Which year you was in FAUP?

2009/2010

Which Drawing class you made, first or second year?

Primeiro curso

Why did you choose the Drawing classes?

Apesar não ter tido desenho no meu programa dos exames, gostei de adicionar essa aula por cultura e interesse pessoal. À prova da minha motivação a entrar no curso foram 50 esboços feitos em poucos dias.

The Drawing has changed your way of observing things and the world?

O desenho faz-me olhar as coisas com mais atenção. Às vezes, enquanto olho, penso como seria desenhar o sujeito olhado; portanto tomo mais atenção às proporções, às relações. Além disso, observando pinturas entendo, ou pelo menos tento, como foram executadas e imagino quanto difícil ou fácil seria para mim produzir uma pintura com a mesma técnica.

You have a new skill with the drawing language. This skill has changed the process of your design thinking?

Agora sinto-me mais tranquila na visualização, expressão e comunicação de uma ideia através do desenho.

Anything else you would like to add?

O seu curso foi para mim um meio pela descoberta do desenho não só como instrumento de projecto e comunicação mas também como meio de expressão de emoções e estados de ânimo.
Gostava de adicionar que acho também graças ao seu curso, que me fez familiarizar e experimentar com diferentes técnicas de desenho, o ano passado pude tomar um trabalho de ilustrações para dois livros. Eram só reproduções a partir de fotos de frescos existentes ou outro com a técnica da tinta da China, mas gostei muito de fazê-lo e por isso agradeço a você. Anexo uns dos desenhos por comentários e conselhos se você quiser.
Muito obrigada
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Mensagem de M. S. - Portugal 2008/12/25

Boa noite!

 

Não que esteja atrasada, mas porque se trata de um email fora de horas.

Em primeiro lugar, quero agradecer ao professor o facto de não ter mandado trabalhos para casa; não sei se se trata de puro esquecimento e eu já estraguei a pequena distracção, ou se foi propositado e deva considerar um presente de Natal.

Em segundo lugar, agradeço o facto de ser um professor que dedica muito aos seus alunos.

E por ultimo, e muito importante, quero agradecer-lhe e retribuir os votos de um Bom Natal e um Próspero Ano Novo!

 

E esperemos que para o ano as aulas de desenho sejam de 4 horas!

M. S.

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C. S. - Itália

Why did you choose FAUP?

Escolhi a FAUP por ser uma das melhores faculdades de arquitectura da Europa, sobretudo pelo método de ensino, focado no desenho e no processo do projecto, bem diferente do da minha universidade (Politécnico de Milão). Alem disso a minha escolha foi guiada por apreciar a linguagem da arquitectura portuguesa.

Which year you was in FAUP?

2007/2008

Which class you made, first or second year?

Atendi os cursos ligados ao projeto IV mas acrescentei a classe de desenho 2

Why did you choose the Drawing classes? 

Por não ter recebido nunca, na minha universidade, aulas de desenhos. Sempre gostei de desenhar mas nunca tive a oportunidade de aprender com a ajuda de um professor. Ainda achei incoerente não saber desenhar e querer ser arquitecta.

The Drawing has changed your way of observing things and the world?

Sim, o desenho mudou muito a forma como olho as coisas, o mundo e a arquitectura. Desenhar algo significa observar numa forma mais profunda, colher os pormenores, por atenção a tudo o que está em volta, a composição, as cores. Isso tudo permite chegar mais eficazmente à essência do que é observado. O desenho é, para mim, mais eficaz que qualquer fotografia, permite interpretar e interiorizar a realidade observada.

You have a new skill with the drawing language. This skill has changed the process of your design thinking?

Sim, saber desenhar influenciou muito o meu processo projectual. Permite-me pensar melhor e dedicar mais atenção ao objecto ou ao espaço desenhado, pensado, imaginado. O desenho é uma ferramenta que permite dar voz ao pensamento, diretamente, passando pelas mãos, tirando as barreiras que o computador, de uma certa forma, instalou nas nossas cabeças. Na minha universidade ouvi pedir “faça-me um esboço com autocad”. Se já na altura isso parecia-me ilógico, agora, depois da minha experiencia de desenho na Faup, acho mesmo inaceitável.

Anything else you would like to add?

Neste momento não me sinto uma boa aluna, desenho pouco a não ser por necessidades de trabalho. Devia recomeçar a andar na rua com o caderno e o lápis.
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Mensagem enviada por M. F., Brasil 2007/10/22

Ola Zémanel!

 

Não sei se se lembra de mim....Faz tanto tempo que te prometi essa foto e fiquei adiando e adiando....

Fui sua aluna no Desenho de Arquitectura no ano letivo de 2005/2006 na FAUP. Duas brasileiras...M. e S., lembra?

Você não faz ideia de como sinto saudades do Porto e também das suas aulas, por mais terrível que fosse desenhar naquele frio terrível em Miragaia. Sem dúvidas, você era o professor que eu e a S. mais gostávamos, pela simpatia, paciência, vontade de ajudar. Acho que você era o único professor que nos dava bom dia e perguntava como estávamos nos sentindo no intercâmbio. E, acredite, isso era muito importante para nós, pois a saudade do Brasil era imensa.

 

Quero que saiba que tudo o que você nos ensinou foi tão bem apreendido por mim e pela S. que temos recebido muitos elogios na nossa faculdade aqui em Fortaleza. Semestre passado, S. apresentou seu trabalho final de graduação com um projeto cheio de desenhos em aquarela. Ela melhorou tanto no desenho depois das suas aulas. E os desenhos dela foram muito comentados pelos professores. Agora é minha vez de me formar...Me tornarei uma arquiteta em dezembro deste ano...e também estou utilizando bastante o desenho como instrumento de projeto. Mostrei minha pasta de desenhos pro coordenador do curso e ele ficou muito interessado em adotar a metodologia da FAUP aqui, pois os alunos daqui de Fortaleza não querem mais saber de desenho a mão...só maquete eletrônica....

 

Bem, era isso que tinha pra te dizer. Espero ter resposta sua, pois eu e a S. gostamos muito de você. Como estão as coisas na FAUP? E a vida? Tem viajado muito?

 

Obrigada por tudo, professor. Você será sempre lembrado por nós com muito carinho. Quando vier a Fortaleza, teremos o maior prazer em te receber.

 

Abraços,

 

M. F.

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M. F. - Brasil 2005/2006

1. Teve formação de desenho antes de vir para a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto – FAUP?

Sim. Além das disciplinas de desenho técnico que fiz no Brasil, já tinha feito disciplinas de Desenho de Observação e de Perspectiva e Sombra, no primeiro ano da faculdade. 

2. Quais os principais motivos para se inscrever na unidade curricular de Desenho II quando frequentou a FAUP?

Sempre considerei o desenho à mão uma ferramenta fundamental para todo arquitecto, ainda que a partir do segundo ano da faculdade no Brasil, estava cada vez mais substituindo por maquetes 3D e desenhos técnicos directamente no computador. A proposta da FAUP de valorizar o esquisso como ferramenta de concepção - e não só de apresentação do projecto, como minha formação no Brasil apontava - atraiu-me bastante, pois entendi desde o primeiro momento que para incorporar o método de projecto da FAUP era preciso dominar o desenho à mão. Ainda que eu estivesse no 3º ano e a disciplina fosse do 2º, o conhecimento adquirido com Desenho II em muito contribuiu para a minha evolução como arquitecta durante a experiência em Portugal.

3. O programa de desenho é muito exigente, mais ainda, para aqueles que praticamente nunca tinham tido contacto com a disciplina. O incentivo ao uso de diferentes meios riscadores e suportes, ao uso da cor, à articulação dos diferentes sistemas de representação, à noção dos diferentes modos do desenho – esquisso, esboço, contorno e detalhe, foram importantes no modo como usa o desenho? Em que aspectos?

Foram muito importantes, sim. 

A começar pelas aulas de desenho em Miragaia. Entendi que não bastava fazer perspectivas do sítio a ser estudado, mas compreender as relações de proporção existentes entre eles, através de cortes, alçados, plantas, até dominá-lo de cor. Infelizmente, o terreno do 3º ano não era o mesmo que eu desenhava. O aproveitamento desta etapa sem dúvidas teria sido muito mais útil se assim fosse. Ainda assim, tentei repetir alguns dos exercícios no terreno do 3º ano e isso se mostrou um diferencial em comparação ao trabalho dos meus colegas brasileiros, que não vinham fazendo a disciplina. Acho que esta etapa foi uma das mais importantes para eu compreender o processo de projecto português e essa forte relação estabelecida com o sítio. 

Outro exercício inesquecível foi o estudo dos estilos de desenho de outros arquitectos. Tive um prazer enorme em definir meu próprio traço e também de aprender com outros arquitectos a valorizar os ângulos dos meus projectos e torná-los mais "fotogênicos". Também aprendi a não descartar nenhum dos meus desenhos e passei a entendê-los como registro de um processo. Este sem dúvida foi um dos maiores legados da disciplina.

Apesar de todo esse aprendizado e compreensão da importância do desenho no processo de concepção, lamento tê-lo abandonado pouco a pouco quando voltei para o Brasil. Ainda usei-o nos últimos projectos acadêmicos (o que foi muito elogiado pelos professores brasileiros), mas quando entrei no mercado de trabalho, tive poucas oportunidades de resgatar as técnicas aprendidas. Infelizmente, o ritmo num escritório de arquitectura é muito mais acelerado. Além disso, a representação 3D está ganhando cada vez mais força. De toda forma, se um dia tiver a oportunidade de lecionar essa disciplina aqui no Brasil - uma grande vontade que surgiu após essa disciplina - prendendo sem dúvidas passar este aprendizado aos meus alunos. 

4. Depois dessa aprendizagem, o desenho reflete-se no modo como usa o desenho e pensa a arquitectura presentemente? Porquê?

Atualmente, não tenho me dedicado diretamente ao projeto arquitetônico, então não tenho como avaliar a importância do desenho no processo projectual. Ainda assim, acredito que o aprendizado tenha me ajudado a ver a arquitectura de uma forma diferente. Acho que os exercícios de desenho no interior do edifício me ajudaram a focar menos na fachada do edifício e me ensinaram a valorizar a qualidade dos espaços internos. Aprendi a ver o edifício pela escala humana, a pensar no detalhe, no percurso arquitetônico, nos ângulos visuais. E nem é preciso projectar para saber que isto está presente em mim até hoje. Acima de tudo, minha visão enquanto usuária dos edifícios mudou significativamente.
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S. B. - Brasil 2005/2006


1. Teve formação de desenho antes de vir para a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto – FAUP?

Sim, estudei perspectiva e desenho de observação antes de ir ao Porto.

2. Quais os principais motivos para se inscrever na unidade curricular de Desenho II quando frequentou a FAUP?

A  escola do Porto é conhecida por formar arquitectos que valorizam e praticam o desenho. Mesmo assim, ao chegar em Portugal eu não tinha a intenção de estudar desenho na FAUP. Mudei de idéia ao ver os trabalhos expostos na Anuária. Percebi lacunas na minha formação anterior em desenho, por não saber trabalhar muito bem com vários sistemas de representação e quis trabalhar isso.

3. O programa de desenho é muito exigente, mais ainda, para aqueles que praticamente nunca tinham tido contacto com a disciplina. O incentivo ao uso de diferentes meios riscadores e suportes, ao uso da cor, à articulação dos diferentes sistemas de representação, à noção dos diferentes modos do desenho – esquisso, esboço, contorno e detalhe, foram importantes no modo como usa o desenho? Em que aspectos?

Para mim, foi especialmente importante a parte onde pratiquei o desenho de outros arquitectos, pois percebi que cada um tem a sua identidade e atitude.  
Eu cheguei ao Porto imaginando que havia uma "fórmula certa" para desenhar, ou seja, acreditava que arquitectos só podiam usar um tipo de traço, de grafite e de papel. Quando o desenho não saía bom, eu culpava a má qualidade dos  materiais utilizados e da firmeza da linha.
Porém, ao tomar contacto com desenhos de outros arquitetos e vários materiais, vi a importância de experimentar diferentes meios até achar o mais adequado para as minhas necessidades. Senti grande liberdade e avancei muito nos desenhos, pois entendi que a qualidade deles não é estimulada por "fórmulas prontas", mas pelo olhar de quem desenha.

4. Depois dessa aprendizagem, o desenho reflete-se no modo como usa o desenho e pensa a arquitectura presentemente? Porquê?

Desenhar a mão é muito importante para mim como arquitecta. Apesar das formas de representação por computador, aprendi que o desenho é uma eficiente forma de linguagem com outros arquitectos e clientes.

O esquisso é o ponto de partida para tudo. Já o desenho mais detalhado e acabado é menos utilizado no cotidiano devido ao uso de maquetes realistas feitas no computador. Mesmo assim, quando utilizado, consegue passar sua mensagem com eficiência, além de encantar quem o vê.
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